O sábado (31) é o Dia Mundial Sem Tabaco. Segundo a OMS, a cada ano, quase cinco milhões de pessoas morrem devido
Acender um cigarro ainda pela manhã é um hábito antigo de Ana Emília Barra. A advogada tem 33 anos e fuma desde os 15 anos. Ela sabe que cada tragada representa um risco a mais na saúde. Mesmo assim, não consegue se livrar do vício. “O cigarro é como se fosse meu companheiro. Eu já engravidei, parei de fumar. Mas depois de uma época de nervosismo, meu filho era pequeno, eu voltei”, contou Ana Emília. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que a cada ano quase cinco milhões de pessoas morreram vítimas do cigarro. Nos próximos 20 anos, o número pode duplicar. Até lá, serão 400 milhões de fumantes no mundo. Ainda segundo a OMS, 90% das pessoas que são dependentes do cigarro começam a fumar antes dos 19 anos. A cada dia são 100 mil novos jovens fumantes e muitos admitem: a influência vem dos amigos.
Entre 2002 e 2005, o Instituto Nacional do Câncer pesquisou os hábitos de 25.400 alunos de 17 cidades do país. No Rio, 2.692 jovens foram entrevistados. O estudo revelou que 10% dos meninos e 14% das meninas são fumantes. Ao todo, 34% deles e 42% delas já experimentaram cigarros. Outro dado foi que 7% dos rapazes e 5% das moças já fumaram mais de 100 cigarros na vida. Segundo a pesquisa, 36% dos meninos e 44% das meninas possuem pelo menos um dos pais fumantes. O estudo revelou ainda que 31% deles e 39% delas estão expostos à fumaça do cigarro dentro e casa.
Entrevista com uma especialista
Na Coluna Bem-Estar desta terça-feira (27), a psicóloga Sabrina Presman, coordenadora do Programa de Tabagismo da Secretaria Municipal de Saúde, participou do RJTV para esclarecer dúvidas sobre o cigarro.
RJTV – O tema da campanha da Organização Mundial da Saúde este ano é “Juventude livre do tabaco”. Quais vão ser as atividades oferecidas esta semana?
Sabrina Presman – A questão dos jovens é uma questão que preocupa muito a OMS. A gente começou nessa segunda-feira a semana em comemoração ao dia mundial, com atividades com jovens, na tenda cultural de Guadapule. A gente está no Miéssimo da Silva, em Campo Grande. Durante o final de semana, a gente vai estar na Praia de Copacabana no sábado (31) e na Quinta da Boa Vista no domingo, com atividades para jovens e também com aconselhamento para os fumantes que desejarem parar de fumar.
Por que o jovem começa a fumar? Eles se inspiram nos pais ou é a vontade de pertencer a um grupo? O que motiva o jovem a fumar?
Existem milhões de coisas que levam os jovens a começar a fumar. A curiosidade é um deles. A adolescência é um momento de muita mudança. Ter pai fumante. Ter um modelo: um ídolo, um ator. É o professor que fuma. O fato também de a mãe ter fumado na gravidez. Se esse adolescente vier a experimentar o cigarro, ele tem mais chance de ele ser dependente.
O cigarro brasileiro é o sexto mais barato do mundo. Não é um incentivo?
Com certeza. E não só o cigarro é barato, como ele é fácil. Embora a gente tenha uma lei que proíba a venda para menores de 18 anos, você compra o cigarro na banca de jornal, você compra na esquina ou no camelô. E às vezes, você não tem o dinheiro para um maço inteiro, você compra em varejo, com uma moeda. Então, ele é ainda muito de fácil acesso à nossa sociedade.
Sendo jovem ou mais velho, todas as perguntas feitas pela internet são sobre como largar o vício. O Vagner pergunta: “os adesivos funcionam mesmo para parar de fumar”?
O que acontece é que 80% das pessoas que fumam querem parar de fumar, mas só 8% conseguem fazer sozinhos. A gente sabe que o tabaco causa dependência. A gente pode dividir em dependência física, psicológica e comportamental. Os medicamentos que existem auxiliam, mas não tem milagre. Então, ele vai lidar com a dependência física que é quando a pessoa para de fumar e dá aquele curto-circuito no corpo. A pessoa fica ansiosa. Nisso, o remédio ajuda. Mas tem o vínculo psicológico de “eu fumo mais quando eu estou nervosa”. E também tem os hábitos, depois das refeições. Então, isso gera às vezes uma relação de 30 ou 40 anos.
Tem um internauta que quer saber isso. O Daniel Lichotti pergunta: “como é que
eu faço para participar de um dos programas de combate ao tabagismo”?
Existem vários tratamentos. A idéia é que a gente trate as três dependências: física, psicológica e comportamental. A prefeitura do Rio oferece mais de 75 postos em que já tem esse tratamento, com profissionais de saúde habilitados para ajudar o fumante.
Tem aquela desculpa de muita gente: “eu fumo muito pouquinho” ou “eu só fumo quando vou para um bar e um restaurante e bebo um choppinho”.
Na verdade, não existem níveis seguros de consumo dessas substâncias.
Os malefícios são os mesmos.
Exatamente. A idéia é não fumar.
